Neste último dia 17 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu , por unanimidade, pelo aumento da taxa Selic de 2,0% para 2,75% ao ano, surpreendendo parte do mercado. Trata-se do primeiro aumento desde 29 de julho de 2015, quando a taxa passou de 13,75% para 14,25% a.a. A próxima reunião será finalizada no dia 05 de maio de 2021.
Em relação ao comportamento futuro da taxa Selic, a expectativa de mercado é refletida na negociação dos contratos futuros de DI 1 dia da B3, que são o principal referencial de taxa de juros do mercado brasileiro. Diariamente, são negociados centenas de bilhões de reais, abrangendo desde especuladores até agentes interessados em se proteger das variações das taxas. No gráfico abaixo, mostramos como as taxas de juros de longo prazo se alteraram ao longo do tempo. Vale atentar à diferença entre as curvas dos dias 18/3 e 17/3, principalmente no curto prazo, mostrando o mercado realizando o ajuste frente à expectativa de aumento de 0,50 p.p.
Analisando estas mesmas informações dos contratos futuros de DI 1 dia, é possível extrair as taxas médias implícitas do CDI para cada um dos próximos anos. No gráfico seguinte, exibimos, para as mesmas datas do gráfico anterior, as taxas negociadas pelo mercado para os anos de 2021 (abril a dezembro) a 2025. Da mesma forma que no gráfico anterior, é possível ver o ajuste ocorrido do dia 17/3 para 18/3 para a taxa de 2021.
Em relação à questão do melhor investimento de baixo risco com este cenário, não há uma resposta única que sirva a todos os casos. As alternativas variam muito de acordo com o valor disponível para investimento, o prazo, o risco e a instituição financeira, entre outros fatores. Para ajudar, montamos uma tabela com as projeções de rendimentos para diversas aplicações de baixo risco (como Poupança nova, LCI, CDB-DI, Fundo DI e LFT) e diferentes prazos. Nela, consideramos que a taxa Selic se mantenha constante ao longo do tempo no atual patamar, o que se trata de um cenário muito pouco provável.
As projeções para a LCI também valem para a LCA, pois ambos os títulos têm características semelhantes. Para facilitar os cálculos, utilizamos os seguintes parâmetros:
– Taxa CDI constante de 2,65% ao ano;
– Taxa Selic (meta) constante de 2,75% ao ano;
– Taxa Selic constante de 2,65% ao ano;
– Mês padronizado de 21 dias úteis;
– LCI e LCA são exibidas com rendimentos entre 80% e 105% do CDI. Pode haver instituições oferecendo taxas mais baixas (grandes bancos) ou taxas mais altas (bancos pequenos, com maior risco de crédito);
– Fundos DI são apresentados de acordo com as taxas de administração de 0,1% a 4,0% ao ano, e rentabilidade bruta (sem descontar a taxa de administração) de 102,2% do CDI;
– CDBs são apresentados de acordo com o rendimento contratado, entre 80% e 105% do CDI;
– Tesouro Selic (LFT) é apresentado com os descontos das diferentes taxas de corretagem (0% a 0,5% a.a.) e agora considerando a taxa de custódia cobrada pela B3 de 0,0% ao ano, lembrando que essa taxa é válida apenas para saldos de investimentos de até R$ 10.000. Não consideramos eventual ágio ou deságio na negociação dos títulos, o que significa que o rendimento real deverá ser um pouco abaixo do que está projetado, pois há sempre um spread entre os preços de compra e de venda dos títulos.
Para facilitar a comparação, os valores que estão em fundo verde escuro são aqueles que apresentam rendimento igual ou superior ao CDI. Em verde claro, estão aqueles que renderam mais do que a poupança, mas menos do que o CDI para o mesmo prazo de investimento. As rentabilidades apresentadas são nominais (sem descontar a inflação) e líquidas de imposto de renda.
A depender da taxa de administração (ou custódia), fundos DI e Tesouro Selic podem render menos do que a poupança. No entanto, é preciso lembrar que a poupança só paga juros na data de aniversário. Resgates fora da data de aniversário só receberão os juros acumulados até a data de aniversário anterior.
Na tabela seguinte, exibimos as projeções de rentabilidade com base no cenário de taxas de juros apresentado pelo mercado futuro de DI do dia 18 de março (fechamento). As premissas são as mesmas utilizadas na tabela anterior, à exceção das taxas Selic e CDI, as quais foram projetadas de acordo com a curva de juros do final deste dia. Trata-se de uma projeção mais realista do que a da tabela anterior, pois ela agrega expectativas de mercado em relação ao comportamento do CDI nos próximos meses.
Para os que não conhecem bem estas modalidades de investimento, apresentamos a seguir algumas características importantes destes produtos financeiros:
1 – Poupança nova
– Refere-se aos depósitos realizados a partir do dia 04/05/2012.
– Cobertura do FGC (até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira)
– Isenção de imposto de renda para pessoas físicas
– Resgates fora da data de aniversário não pagam juros entre a última data de aniversário e a data de resgate. Repare que se você for aplicar seus recursos por 1,5 meses ao invés de 1 mês, é possível que um fundo DI com taxa de administração mais alta renda mais do que a poupança
– Aceita aplicações de valor baixo
2 – LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)
– Cobertura do FGC (até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira)
– Isenção de imposto de renda para pessoas físicas
– Resgates antes do prazo de carência não pagam juros
– Resgates, em geral, podem ser feitos apenas no vencimento (quando indexada ao CDI), a depender do contrato
– Aplicação inicial costuma exigir valores mais altos do que o CDB
3 – Fundos DI
– Não há cobertura do FGC, mas o patrimônio do fundo pertence aos cotistas e está segregado dos ativos do banco
– Imposto de renda pela alíquota regressiva (15% a 22,5%). Há cobrança semestral de 15% sobre os ganhos (“come-cotas”)
– Normalmente, permite resgates em qualquer data sem perda de juros
– Aplicação inicial: em geral, quanto maior o valor, menor é a taxa, o que implica em maior rentabilidade
4 – CDB-DI (Certificado de Depósito Bancário – DI)
– Cobertura do FGC (até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira)
– Imposto de renda pela alíquota regressiva (15% a 22,5%)
– CDBs com carência apresentam restrições nos resgates antecipados, porém costumam oferecer melhor rentabilidade. CDBs com liquidez diária não apresentam restrições nos resgates, mas tendem a oferecer menor rentabilidade
– Aplicação inicial: em geral, quanto maior o valor, melhor a rentabilidade.
5 – Tesouro Selic (LFT – Letra Financeira do Tesouro)
– Título Público Federal indexado à Taxa Selic
– Pessoas físicas podem comprar ou vender este título através do Tesouro Direto
– É necessário ter conta em corretora para negociar
– Imposto de renda pela alíquota regressiva (15% a 22,5%)
– Baixo risco de crédito: o investidor é credor do governo federal
– Há um spread (diferença) entre as cotações de compra e de venda
VEJA TAMBÉM:
– Como investir em LCI
– Guia de Investimentos
– Comparador de Investimentos
– Como investir pouco dinheiro
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