A IRTA está caminhando para uma cultura de arroz mais sustentável e resistente à salinidade

Cultivar variedades de arroz que resistam ao aumento da salinidade do solo relacionado com a falta de água. Ou fertilizar as culturas de forma mais sustentável, utilizando imagens de satélite para detectar as necessidades nutricionais de cada campo. Estes são alguns dos desafios mais prementes dos produtores de arroz, relacionados com o actual contexto de alterações climáticas, que foram hoje colocados em cima da mesa na 28.ª Conferência do Campo de Arroz do Instituto de Investigação e Tecnologia Agro-Alimentar (IRTA).

Realizado no IRTA Amposta, o dia acolheu trezentas pessoas de todas as zonas orizícolas da Catalunha e também do resto do Estado, como Valência, Aragão, Navarra, Múrcia, Andaluzia e Extremadura. São produtores, técnicos, representantes de cooperativas e comunidades de irrigantes, além de profissionais de centros de pesquisa, sindicatos, universidades e também empresas produtoras de variedades de arroz, além de serviços e máquinas agrícolas.

A reunião foi encerrada pelo Ministro da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação, Òscar Ordeig, que sublinhou que “o setor agroalimentar da Catalunha é aquele que tem a cadeia de valor mais enraizada em quem somos, no que representamos e na nossa história, capaz de travar o despovoamento, o envelhecimento e o empobrecimento das zonas rurais. Do Departamento de Agricultura, Pecuária, Pescas e Alimentação temos a missão de garantir uma alimentação local, saudável, segura e inovadora, através do IRTA, que já o faz de forma excelente”.

Também estiveram presentes o diretor geral do IRTA, Josep Usall, e o diretor de serviços territoriais do Departamento de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação de Terres de l’Ebre, Jesús Gómez.

Por sua vez, Mar Català, investigadora do IRTA e responsável pelas atividades relacionadas com o arroz que se realizam no território, destacou o valor desta conferência, que se realiza de dois em dois anos: “Depois de 28 edições, continua a ser a vitrine tecnológica da Catalunha e do Estado sobre como fazer no cultivo do arroz e sobre para onde devemos ir”.

Neste sentido, destacou também o carácter aplicado e transversal da investigação realizada pelo IRTA Amposta, “adaptando-se às necessidades do sector produtivo, para o qual transferimos continuamente toda a informação que vai sendo gerada”.

Arroz mais resistente à salinidade

É o caso de estudos e testes para lidar com o aumento da salinidade do solo, consequência direta da seca. “Na Catalunha cultivamos arroz em terras muito salinas e a única forma de produzir alimentos neste tipo de solo é conseguir lavar os sais. Para isso precisamos de água, e que seja de boa qualidade. No atual contexto de alterações climáticas, estamos a trabalhar com o Instituto Valenciano de Investigação Agrária para desenvolver variedades de arroz mais tolerantes à salinidade», explicou Català.

Uma fertilização mais sustentável

Durante o dia também foram apresentados os últimos desenvolvimentos do projeto Arroz FertiSAT, realizado pelo IRTA em nome da Associação de Produtores Agrícolas do Delta do Ebro (PRODELTA) face à necessidade unânime do setor na Catalunha de ser mais eficiente no uso de nitrogênio como fertilizante. “O nitrogênio é um dos fertilizantes que mais ajuda a nutrir as lavouras de arroz e garante sua produtividade, mas o manejo incorreto pode impactar o meio ambiente, aumentar a sensibilidade da planta a doenças e diminuir a rentabilidade”, explicou Catalão.

Neste contexto, o projeto Rice FertiSAT visa saber a quantidade de azoto a aplicar num arrozal em função das necessidades que este apresenta, recorrendo à informação gratuita do satélite europeu Sentinel 2. “É uma iniciativa promovida pelos produtores de arroz. próprios e que recebeu o apoio do Programa de Desenvolvimento Rural da Catalunha”, destacou o investigador.

Pesquisa multidisciplinar

O dia serviu também para os profissionais presentes conhecerem outros projetos do IRTA sobre fertilização do arroz com diversos tipos de fertilizantes. Além disso, foram detalhados os estudos realizados em relação à biodiversidade dos arrozais, ao mesmo tempo que foi apresentado o estado atual das pesquisas sobre o sequestro de carbono no solo para reduzir as emissões atmosféricas na forma de CO2. Da mesma forma, foram explicados os projetos que estão sendo desenvolvidos para lidar com pragas.

“Temos muito orgulho que 100% dos rizicultores deste território vão até um para encontrar soluções tecnológicas e que se apresentem junto aos grupos operacionais, com linhas de subsídio do Departamento, para que 100% dos produtores vão no mesmo linha.” , concluiu o Conselheiro Ordeig ao final da reunião.

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